quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Suábio-húngaros, do Leste europeu chegaram à Colônia do Jaraguá (SC)


As quatro comunidades católicas aqui citadas caracterizam o patrimônio e o legado cultural do catolicismo europeu em solo brasileiro e as edificações são testemunhos materiais da ou crença dos suábio-húngaros que colonizaram aquela região.
Atualmente as quatro edificações das igrejas católica, se constituem um marco histórico, servindo de referências cultural àquelas localidades as quais estão situadas. Cabe ressaltar que na região também foram formadas comunidades luteranas com suas respectivas igrejas, a partir de 1902 pelo Pastor Ferdinand Schlünzen, e que além dos alemães eram freqüentadas por suábio-húngaros.
A participação dos suábio-húngaros em meio ao movimento do protestantismo deve-se à ampliação das redes de relações interpessoais e familiares, fruto de matrimônios, que surgiram com o passar dos tempos, em contatos, em ambientes de sociabilidades, como salões de bailes, soirêes, festas escolares de caráter folclórico e outras.
Até o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), as famílias suábia-húngaras seguiam rigorosamente os padrões morais e religiosos ligados à família. Porém, eles estavam ladeados por inúmeras famílias e cidadãos de origem germânica (alemães e pomeranos), com os quais diariamente conviviam, harmônicamente. Esses dois grupos étnicos também tinham suas próprias tradições e costumes europeus, pois reproduziam os valores da cultura teuto-brasileira. Como falar a Língua Estrangeira Alemã e Pomerana, bem como dialetos, que na Velha Europa era de conhecimento e prática dos antepassados dos suábio-húngaros. Ademais, tinham muito comportamento social semelhante aos dos suábios-húngaros, como de trabalhadores braçais dedicados aos afazeres rurais (roça, pecuária); discretos no modo de viver, agir e representar suas emoções e seu mundo interior;
O contexto da Segunda Segunda Guerra Mundial mudou o comportamento e a vida social e cultural, de todos os descendentes de europeus, que tinha origem étnica no território dos paises do Eixo (Itália, Alemanha e Áustria).
Para as autoridades da Era Vargas, a população com origem nos paises do Eixo eram suspeitos o seu modo de viver que organizaram e expressavam o seu legado cultural em solo brasileiro. E, em virtude desse clima tenso e vigilância exacerbada pelo aparelho de estado repressor, muitas famílias buscaram na migração, um refúgio ou caminho para sobreviver as adversidades de ordem ideológica e na conquista de dias melhores.
Os suábio-húngaros partiram nos anos posteriores à Grande Guerra, rumo ao Estado do Paraná (região Meio Oeste), acreditando que estando longe dos centros urbanos, em meio à floresta ou mata ficariam livres de persiguições de caráter ideológicas. Pois é importante salientar, que final do século XIX, quando os seus antepassados chegaram à Colônia do Jaraguá encontraram refúgio e paz. Esse ambiente propíciou o crescimento e desenvolvimento dessa etnia, a qual acumulou riqueza material, como propriedade rural e as benfeitorias anexas, como casa, ranchos, meios de transporte entre outras conquistas.
Por conta de incertezas diversas e persiguições, da região da Estrada Garibaldi, partiu um número expressivo de magyares, principalmente de suábio -húngaros em direção ao Oeste do Estado do Paraná, para instalar uma colônia de agricultores mais precisamente em Medianeira, visando dedicar-se às culturas dos grãos, milho, soja e trigo.
Vale ressaltar que anteriormente a esse movimento de êxodo rural ao Estado do Paraná, já havia ocorrido um pequeno movimento no próprio Vale Itapocu, no começo do século XX, quando algumas famílias partiram em direção às colônias de Hansa (Corupá/SC) e Schröderstrasse (Schroeder/SC). Esse movimento permitiu queo o grupo que partiu pudesse em seu novo habitat constituir novas famílias, a partir do matrimônio.
Em Hansa e Schröderstrasse, os suábio-húngaros preferencialmente, no primeiro momento constituíram matrimônio com as famílias de origem germânica (alemã e pomerana) e ligadas à Igreja Católica. As famílias alemã de Hansa vieram diretamente da Alemanha, com destino ao Porto de São Francisco do Sul (1897). Assim constituiam um movimento imigratório que daria o inicio do desenvolvimento daquela colônia. Já os alemães de de Schröderstrasse, se constituíam colonizadores do antigo Domínio de Dona Francisca (1851) e da Colônia das Itoupava Rega e Central, atual Município de Blumenau (SC).
Portanto, esse foi o primeiro movimento de êxodo dos suábio-húngaros, no próprio Vale do Rio Itapocu, o que permitiu a miseginação e o enriquecimento cultural desse grupo étnico com outros grupos sociais. Porém, o processo de miseginação estava restrito aos descendentes de europeus. Assim, não se distanciava da cultura do embraquecimento, tão difundida entre as colônias de teuto-brasileiros e suábia-húngaras.


Ademir Pfiffer – Historiador

Jaraguá do Sul, 23/11/2010.

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